Estava pensando aqui com meus botões e percebi que entre todas as pessoas com quem já trabalhei, eu procuro copiar um pedacinho pra mim. Acho que todo mundo é meio assim.
Isso também acontece com pessoas com quem não trabalhei, mas conheci e tenho alguma admiração, como autores de livros e profissionais já reconhecidos na Internet.
Eu acabo pegando um pouco de cada.
Só que algumas coisas não se encaixam comigo, seja por uma diferença de personalidade, de experiência, cultural, enfim… então, para não perder a oportunidade, eu acabo levando essa característica que admiro para esse personagem imaginário.
A gente conversa em silêncio, e isso me ajuda. Às vezes, a gente também briga, o que eu entendo que faz parte da nossa camaradagem.
Eu sei mais ou menos quando comecei essa relação.
Lá por volta de 2005, fui um Anaproégua, um acrônimo que significa Analista, programador e égua. Pra ser sincero, eu me identifico e me espelho muito em desenvolvedores que não têm um escopo bem definido, e fazem de tudo um pouco, exceto pela parte do égua.
Naquele tempo, quem trabalhava com TI era responsável por entregar tudo, de ponta a ponta. Quando falo tudo, é tudo mesmo.
A pessoa tinha que:
- Analisar o problema do ponto de vista estratégico ao conversar com o dono do negócio.
- Entrevistar usuários que não sabiam nem o que era navegador.
- Configurar servidores de email.
- Definir como seria a topografia da rede de computadores e cortar os cabos.
- Desenvolver a solução usando linguagens diversas, do COBOL ao Java.
- Decidir pela compra de computadores.
- Treinar todos os usuários da empresa presencialmente (não havia remoto).
- E até avisar que o computador estava apitando porque alguém deixou um livro sobre o teclado.😆
Chamar esse profissional de Analista de Sistemas, de Programador, ou qualquer outro termo seria sempre injusto. São pessoas resolvedoras, que independente do problema resolvem o que a empresa precisa.
Orgulhosamente, eu tive a satisfação de presenciar esse fenômeno com os mestres Daniel de Castro, Regis Pires e Dr. Aécio Magalhães.
Só para você ter uma noção, vai aqui uma linha sobre cada:
- Vi o Daniel trabalhando com código binário para investigar pacotes de dados nas maquininhas de venda, bem estilo Matrix;
- Regis, que pra mim era uma referência espiritual e em Java, fugia do padrão tímido/introspectivo conduzia eventos de outros setores super animados, como call center e o comercial.
- O chefe de tudo, Dr Aécio, o Diretor que era responsável pelos grandes negócios, era o único que se atrevia a consertar a embossadora de cartões.
Esses caras são grandes referências pra mim. São “raiz” mesmo. Você podia inventar um problema, um desafio que a empresa tinha que enfrentar, que ia sair uma solução interessante, sem nenhum milindro.
Claro que tive e tenho outras referências. Várias outras, na verdade, mas não quero citar agora para não alongar esse assunto.
O que quero destacar é que corriqueiramente me deparo pensando como poderia agir em certas situações e de alguma forma eu acabo recebendo um conselho que vem dessas pessoas, sem que elas saibam.
Estou chamando essa “entidade” de Desenvolvedor Raiz e aos poucos vou postando por aqui alguns textos sobre as qualidades desse cara.
Agora me fala, você tem esse amigo desenvolvedor imaginário também?
Comenta aí que me dá um gás pra continuar escrevendo este blog.